9 de ago. de 2012

O Chimarrão


A origem
     Hoje um dos principais símbolos do Rio Grande do Sul, o chimarrão tem uma história antiga, que começou com os índios guaranis e depois se espalhou pelo Brasil e por países vizinhos. O certo é que, tanto tempo depois de sua descoberta, a bebida quente de sabor amargo tem um lugar cativo no coração dos gaúchos.
     
     Índios mais fortes, alegres e dóceis que os de outras tribos. Isto foi o que o general espanhol Irala, que acabava de conquistar novos territórios em Assunção, no Paraguai, encontrou ao chegar às antigas terras de Guaíra, atual Estado do Paraná. Era uma referência aos guaranis. E eles tinham um segredo: uma bebida feita com folhas de uma árvore e tomadas em um pequeno porongo com um canudo de taquara. Na base do canudo, os índios usavam um trançado de fibras para impedir que as partículas das folhas fossem ingeridas.


    Qualquer semelhança com o chimarrão não é mera coincidência. Um carregamento de erva foi levado pelos soldados para Assunção e, em pouco tempo, o uso se estendeu às margens do Prata, na Argentina, e transpôs os Andes, chegando a Potosí, na Bolívia, e enriquecendo os descobridores do Paraguai.

     A erva-mate também enriqueceu os jesuítas que se estabeleceram no Guaíra e nos Sete Povos, na margem oriental do Uruguai. Eles aprimoraram a bebida inventando o caá-mini, um pó grosso de erva-mate, que passaram a exportar. Os bandeirantes invadiram as Missões do Guaíra em 1638 e, quando descobriram a erva-mate, a levaram para são vicente (SP). Também os tropeiros que viajavam de Minas Gerais para comprar mulas voltavam com grandes carregamentos de mate, que se espalhava por outras regiões do Brasil.

     Em 1813, as exportações de erva-mate foram proibidas no Paraguai, e o Brasil aproveitou a brecha para tornar-se o único produtor e exportador, transformando-a em uma das maiores riquezas nacionais. Por causa do estabelecimento dos limites de território, o Brasil perdeu em 1910 boa parte da região ervateira, Missões, que se transformou na província de Missiones, na Argentina. Com isso, o país vizinho se transformou no maior exportador do produto.


Para afastar a solidão

     A lenda conta que uma planta conhecida como Caá foi dada por Tupã a um velho índio, cuja filha era a única companhia. Ela deixara de casar para ficar com o pai, que agora temia morrer e deixá-la só. O chá feito com a erva e bebido no porongo servia como companhia e alento. Assim, a bebida se difundiu entre os guaranis e era conhecida como caá-i, água de erva saborosa, no idioma dos índios.


O consumo

     Para além da cuia, o mercado já criou opções que levam o gostinho do chimarrão para produtos tão diversos quanto bebidas energéticas e tintas. Tudo para conquistar novos adeptos: há quem aposte que o mate amargo ainda vai seduzir o mundo.

     Assim como a produção de erva-mate no Brasil, que se distribui por quatro Estados, o consumo também está se diversificando e expandindo.

     Para quem prefere não sorver o amargo, existem perfumes, xampus, sabonetes, refrigerantes, cervejas, doces e até tintas feitos à base de erva-mate. Nos Estados Unidos, uma bebida energética, a Blue Energy, tem como componente básico a erva-mate.

     Além do Brasil, países vizinhos também apreciam a erva em forma de chimarrão: Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile.

     O Uruguai é o país que apresenta o maior consumo per capita. cada pessoa consome em média de oito a 10 quilos de erva por ano.

     Na Argentina, o  consumo cai ara 6,5 quilos por habitante/ano e, no Sul do Brasil, entre três e cinco quilos por habitante/ano. A erva-mate é ainda exportada para Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.

     Quem é do Sul e preza o chimarrão não só como um produto, mas como parte de uma tradição, trabalha para divulgar e aumentar o consumo.

Fonte: Guia do Chimarrão (encarte de Zero Hora). 



Nenhum comentário: