26 de fev. de 2016

ELEIÇÕES NO IRÃ

Homens constituem 90% dos 4,9 mil candidatos às eleições para o próximo parlamento do país

     As mulheres iranianas, que representam mais da metade da população, mas apenas 3% dos deputados do parlamento, aspiram ocupar mais cadeiras na Assembleia Legislativa a ser eleita hoje (26/02/2016).
     
     Sobre um total de quase 4,9 mil candidatos, apenas 500 são mulheres e nenhuma está na lista de aspirantes à Assembleia de Notáveis, que elege um guia supremo da República Islâmica, e que também será renovada hoje.

     O presidente moderado Hassan Rouhani nomeou três mulheres vice-presidentes, mas no parlamento há apenas nove deputadas de um total de 290. Desde a fundação da República Islâmica, em 1979, o número máximo de deputadas foi de apenas 14.

     O Irã tem uma população de 79 milhões de habitantes, dos quais 50,4% são mulheres. Diante desse grande desequilíbrio entre população e representação política, militantes da causa feminista lançaram a campanha "Mudar a Face Masculina do Parlamento".

     O primeiro objetivo é obter nestas eleições 50 deputadas, o que seria um grande passo adiante, explica Jila Shariatpanahi, uma das líderes da campanha.

     - No parlamento ou na Assembleia de Especialistas nosso objetivo é lutar contra a discriminação - disse Shariatpanahi.

     Para a Assembleia de Especialistas, integrada por 88 membros, a tarefa será impossível, já que as 16 mulheres que aspiravam a ser candidatas foram eliminadas pelo Conselho dos Guardiões da Constituição, que controla as eleições no Irã.

     Uma mulher, Monireh Gorji, fez parte da primeira Assembleia de Especialistas, mas, desde então, elas foram sistematicamente excluídas dessa instituição-chave na República Islâmica. 

         Nada impede que as mulheres tenham cargos de primeiro plano, defende Jila Shariatpanahi, uma física que participou do programa nuclear iraniano entre 1975 e 1987.

     Fonte: Zero Hora, 26/02/2016


O que está em jogo na eleição
Luiz Antônio Araujo 

    Os iranianos vão às urnas hoje para eleger integrantes de dois organismos distintos. O primeiro é a Assembleia Nacional Legislativa (Majlis), o parlamento da República Islâmica. O Majlis, com 290 deputados, é eleito pelo voto popular a cada quatro anos.
       
      Quando comparado com outros parlamentos da região, o iraniano pode ser considerado plural: cerca de 8% de seus membros são mulheres, e as minorias religiosas reconhecidas pela República Islâmica como "povos do Livro", como cristãos e judeus, têm direito a um mínimo de cinco cadeiras (atualmente, ocupam 14). Embora essa instituição tenha poderes amplos, podendo até mesmo destituir presidentes e ministros, na prática ocupa um lugar subalterno em relação à suprema autoridade religiosa do líder supremo - hoje, o aiatolá Ali Khamenei - e o Conselho de Guardiões, que tem o poder de vetar leis aprovadas pelos parlamentares.

     A eleição mais importante de hoje, porém, é a do segundo organismo, a Assembleia de Notáveis. Essa instituição congrega 88 especialistas religiosos xiitas eleitos a cada oito anos pelo voto popular.

     A tarefa da Assembleia é eleger o guia supremo e fiscalizar sua atuação. Na prática, não  chega a se sobrepor ao Conselho de Guardiões, que podem vetar a eleição de alguns de seus membros.

     A idade avançada de Khamenei, que completará 77 anos em 16 de julho, sugere que os notáveis a serem eleitos hoje, com mandato até 2024, terão entre suas atribuições a eleição de seu sucessor. é por isso que, do ponto de vista do jogo do poder no Irã, eleger o maior número de partidários à Assembleia de Notáveis é a principal preocupação das correntes moderada e dura do regime.
















   

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